Guardiões da história e mediadores do conhecimento

O quarto andar do TJRS reserva exemplares para quem busca a informação certa. Bem-vindos à biblioteca!

Rômulo Vizzotto
6 min readOct 2, 2020

Matéria escrita para o Informativo Online do TJRS

A Biblioteca do Tribunal de Justiça é o espaço onde a história do Judiciário se mantém cada vez mais viva. É o lugar onde o leitor não fica sem informação. Voltada ao público do mundo jurídico, você pode encontrar lá os mais variados exemplares: Diários Oficiais do Estado, do Município, Diário da Justiça, etc. E não só isso: livros do Judiciário de outros países, como Alemanha, França, Itália e Espanha.

Além do quarto andar do TJ, a Biblioteca também está presente no Centro de Formação do Poder Judiciário (CJud). Antigamente, o espaço abrigava a biblioteca da Ajuris. No CJud encontramos obras literárias de brasileiros como Mario Quintana, Erico Veríssimo e Martha Medeiros e estrangeiros, como Dan Brown, de “O Código da Vinci,” e George R. R. Martin, de “As Crônicas de Gelo e Fogo”.

São, ao todo, 120 mil exemplares disponíveis no TJRS e no CJud. Dentre todos eles, o mais antigo data de 1550. Trata-se do Corpus Juris Civilis, de Justiniano, escrito em latim, com comentários.

Por meio do seu acervo, Biblioteca reúne passado e presente
Foto: Rômulo Vizzotto

A Diretora da Biblioteca, Jaqueline Buttelli, diz que a qualidade do atendimento é o essencial, não só pela obrigação, mas pelo fato de ajudar quem chega no espaço a encontrar o que precisa. Para ela, sem a presença dos bibliotecários, o setor não teria utilidade. A interação usuário/busca também é importante, pois uma palavra pode mudar tudo na hora de procurar um artigo, seja para um trabalho de conclusão ou uma petição.

Jaqueline está há 28 anos no TJ. Ela conta que já trabalhou em outros lugares antes, mas que trabalhar na Biblioteca é “apaixonante”. “O pessoal vem aqui e já quer saber algo que leu no jornal. Deu lá, vem direto pra cá”, diz.

Pé nos dois mundos

Estamos em mundo mais digital, algo que é notório e inegável. Mesmo assim, não se pode esquecer do físico. Há “todo um trabalho de construção”, como diz a Bibliotecária Vera Regina Almeida, para a organização das obras e, principalmente, na preservação dos documentos. Para ela, mesmo que o mundo digital tenha trazido mais agilidade — anos antes, tudo era feito por fax -, ele ainda é mais volátil.

Juntas, as bibliotecas do TJ e do CJud dispõem de 120 mil exemplares
Foto: Rômulo Vizzotto

A confiabilidade dos artigos online também é outro ponto levantado pela equipe. Afinal, de nada adianta ter arquivos que possam ajudar se não há referências bibliográficas que possam passar confiança. Além disso, ampliar o leque de ferramentas de buscas, aumentar o acervo digital, para o público que tem acesso à Biblioteca é essencial.

Existe ainda o “intercâmbio” entre as instituições. Vera Regina explica: “O exemplar que a pessoa busca pode não estar aqui, mas pode estar no MP, por exemplo. Então a gente acessa por lá e faz esse ‘empréstimo’ com eles”.

Tecnologia sem fronteiras

Com a pandemia da covid-19, a Biblioteca do TJRS está fechada aos públicos interno e externo, mas isso não significa que o espaço não esteja funcionando. A Diretora Jaqueline Buttelli conta que as atividades do Departamento de Biblioteca e Jurisprudência se mantêm em trabalho remoto, através de plataformas online, como o sistema Pergamum, onde são anexados os materiais — livros, periódicos e artigos. Além disso, há o acompanhamento e controle dos atos de legislação, que é feito diariamente, pois, segundo a Diretora, os Diários Oficiais são publicados online.

A mudança na rotina aconteceu nas reuniões que, de presenciais, se tornaram online. Jaqueline diz que, nesses encontros, há a troca de ideias, quais serão os procedimentos adotados na realização das tarefas e, também, manter o contato e matar a saudade do grupo. A Diretora lembra que o grupo do WhatsApp também ajuda no auxílio rápido como, por exemplo, pedidos de pesquisa e troca de informações. Segundo ela, também há participação das bibliotecas jurídicas, que facilita o contato e a busca de dados para as pesquisas.

Equipe da Biblioteca: Cristiane Herberts, Vera Almeida, Arthur Mulinari, Jaqueline Buttelli, Carolina König e Adriana Korb*
Foto: Rômulo Vizzotto

A participação de todos, explica Jaqueline, é fundamental. A Diretora conta a respeito de uma pesquisa solicitada por outro Tribunal onde, a partir do pedido, a equipe foi acionada para encontrar o livro, fazer cópia do capítulo selecionado e encaminhar o material. Segundo Jaqueline, o agradecimento mostra como estão agindo em meio à pandemia e o trabalho de forma remota. “Estamos, mesmo na adversidade, cumprindo nosso papel de levar a informação a quem solicita de forma rápida e pelos meios possíveis”, diz. Além disso, ela relembra de uma pesquisa onde pediram apoio de uma biblioteca de Lisboa, em Portugal, que encaminhou um artigo digitalizado para responder a uma pesquisa.

Em meio ao período atípico que vivemos, se adaptar a uma nova rotina, às vezes, é difícil. Jaqueline conta que, mesmo em casa, a maior mudança e adaptação nas rotinas de trabalho é a de pesquisas por materiais digitais para compor o acervo online, além de buscas por outras bases de dados jurídicas. Com o período de isolamento, a Diretora diz que colocaram em prática a ideia da criação de uma biblioteca virtual, com artigos e livros em formato PDF, alguns exclusivos para Magistrados, servidores e estagiários do Poder Judiciário.

A Diretora ressalta, ainda, que algumas práticas estão sendo revistas e que um dos procedimentos a ser implantado após a pandemia será a comprovação do empréstimo e a devolução do material retirado na biblioteca por e-mail, sem a emissão do comprovante de papel. E de toda essa experiência vivida até o momento, a Diretora da biblioteca tem uma certeza: “A busca pela informação precisa, de qualidade e o acesso a bases e sites confiáveis é fundamental para o êxito da pesquisa”.

Preservação da história

Já foi dito nesta matéria, mas não custa reforçar: o bibliotecário é o profissional que ajuda a manter viva a história, em qualquer lugar. Para a Presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia da 10ª Região (CRB10), Luciana Kramer, é “imprescindível” a presença de um bibliotecário, pois é o “profissional o mais indicado para buscar e obter a resposta mais adequada a estas demandas [recuperação e disseminação da informação]”.

Nessa evolução do papel para o digital, a Presidente afirma que há recursos disponíveis para que os profissionais da área acompanhem essas transformações: bases de dados, ferramentas de descobertas, repositórios, entre outros.

Para ter um diferencial na rotina de trabalho, Luciana diz que o principal é apostar em sistemas que antecipem a necessidade de informação dos usuários, por meio de estudos da comunidade. “Há também a necessidade de acompanhar currículo e questões sociais da atualidade. Portanto, acredito que oferecer antecipadamente aquela informação que o usuário “ainda nem sabia que precisava” é uma função que traz diferencial ao profissional”, afirma.

Já para os bibliotecários do TJRS, espaços como esse não terão fim. “Tem bibliotecas que existem há 500 anos. Vai acabar? Não vai acabar. Principalmente pela preservação de uma história, de uma cultura, de alguma área”, afirma Bibliotecário Arthur Mulinari, do CJud. Para o servidor, a “morte” de uma instituição se dá pelo fechamento de uma biblioteca.

Do atendimento ao público no balcão ou até mesmo pelo Skype (ou Communicator, como preferir), confie sempre num bibliotecário. Além de orientar e preservar a memória institucional, ele ajuda a manter viva histórias de todas as épocas.

Funcionamento

Com a biblioteca do TJRS fechada, a equipe atende de forma online, da seguinte forma:

  • As pesquisas podem ser solicitadas pelo e-mail dbiblivros@tjrs.jus.br ou pelo telefone (51) 3210–6290;
  • O atendimento será feito através do endereço eletrônico, com o envio do material disponível em PDF na biblioteca do Tribunal ou de outra base de dados.

*Foto feita antes da pandemia do Coronavírus

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Rômulo Vizzotto

Estudante de Jornalismo. Há 27 anos tendo dúvidas, erros e alguns acertos nessa vida.