No olho do furacão em meio à pandemia

Jornalista Débora Cademartori revela, nesta entrevista exclusiva, detalhes da sua trajetória e como vive a vida política em Brasília, mesmo de casa

Rômulo Vizzotto
15 min readNov 12, 2020
Débora em participação ao vivo de Brasília no Jornal do Almoço, da RBS TV (Reprodução/RBS TV)

Estar em Brasília nunca é fácil para quem trabalha com política dentro do jornalismo. A cada segundo, as reviravoltas vêm sem aviso prévio, o que faz com que os jornalistas políticos se tornem os mais importantes no momento, informando como uma decisão inesperada, projeto de lei, medida provisória ou briga pelo poder podem impactar a vida das pessoas.

Por isso, a jornalista da Rádio Gaúcha e GZH Débora Cademartori, 32 anos, que trabalha na sucursal de Brasília da RBS, falou da sua trajetória, sobre a importância do jornalismo político, o espaço da mulher dentro da área, por qual razão a imprensa deva fazer seu mea-culpa, como vive o mundo político na Capital Federal mesmo de casa e as dicas para quem quer ingressar na área política dentro do jornalismo.

Débora Cademartori é jornalista formada na Unisinos, em 2015. Está desde 2013 no Grupo RBS, largando a estabilidade financeira da organização de eventos sociais para focar na carreira dentro do curso escolhido. Primeiro, queria falar do mundo da moda, mas os fatos que cercam o Brasil e o mundo chamaram mais a atenção da profissional, que focou no jornalismo político.

Passou pela Rádio Gaúcha, Diário Gaúcho e, por quatro anos, de 2015 a 2019, foi interina na coluna de Rosane de Oliveira, em Zero Hora. Hoje, Débora atua em Brasília pela Gaúcha e, mais recentemente, assumiu o lugar da também jornalista Carolina Bahia no espaço político do Jornal do Almoço, da RBS TV.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

Vou começar te fazendo a pergunta mais clichê de todas. Por que o Jornalismo?

Débora Cademartori: Deixa eu voltar lá em 2006, quando eu comecei a faculdade. Eu comecei, primeiro, fazendo Moda. No Ensino Médio, tinha ventilada a hipótese de fazer Jornalismo, mas isso nunca foi, ao contrário dos meus outros colegas, um sonho de infância — me tornar jornalista, repórter, apresentar o Jornal Nacional -. Isso nunca foi algo a ser realizado para mim. Eu entrei no Jornalismo porque eu comecei a fazer Moda na Feevale em 2006 e a minha intenção era falar sobre a moda.

Aí eu percebi, lá no primeiro semestre de 2006, que esse não era o meu caminho, porque na faculdade eles ensinavam as pessoas a serem designers, a serem estilistas e essa não era a minha pretensão. Minha pretensão sempre foi conhecer mais o mundo da moda, o que essa faculdade não me proporcionaria. Então eu resolvi mudar em 2006/2 para o Jornalismo, eu comecei a fazer Jornalismo colocando na minha cabeça que o meu foco seria o jornalismo de moda.

Só que o tempo foi passando, a maturidade veio também e a gente acaba se preocupando com assuntos mais importantes do nosso dia a dia — não que a moda não seja importante -, mas coisas que afetem mais a vida da população ganharam mais a minha atenção. E aí eu fui por esse caminho. A minha pretensão foi em jornalismo econômico e aí, a partir de 2014, 2015, eu recebi uma proposta para ir para a coluna da Rosane [de Oliveira], comecei a me interessar mais por política e aí virei jornalista política. Mas isso nunca foi assim algo determinante na minha vida, desde a minha infância, adolescência, o jornalismo surgiu para mim quase que por acaso.

Então desde 2015 está no Grupo RBS?

Débora Cademartori: Não. Eu estou na RBS desde 2013. Antes de 2013, enquanto eu fazia faculdade, eu trabalhava com uma organização de eventos sociais. E aí em 2013, no fim de 2012, na verdade, eu decidi que eu ia focar na minha carreira, trabalhar com coisas que tem a ver com a minha formação e mirei o Grupo RBS. Aí, no início de 2013 eu fiquei sabendo de duas vagas de estágio na RBS, uma para a Rede Atlântida e outra para a Rádio Gaúcha.

Eu não tive dúvida, me inscrevi na Rádio Gaúcha e passei. Eu larguei todo esse meu emprego, inclusive estabilidade, eu ganhava muito bem organizando evento social, para poder ser estagiária da Rádio Gaúcha. Eu era estagiária mais antiga de idade na rádio (risos). Quando eu entrei eu tinha 25 anos e lá eu me realizei. E como eu me entreguei demais para o meu trabalho, acho que a chefia gostou disso, e aí eu fui ficando.

Quanto tempo trabalhou com organização de evento?

Débora Cademartori: Eu trabalhei de 2009 a 2013.

E como que tu foste parar em Brasília?

Débora Cademartori: Primeiro, eu trabalhei na Rádio Gaúcha entre 2013 e 2014. Em 2015, me convidaram para fazer parte do time do Diário Gaúcho, aí já como contratada da RBS, então CLT mesmo. Eu ainda estava estudando, me formei na metade de 2015 e a partir daí eu comecei a ficar de olho nas vagas de reportagem que iam ser abertas dentro da RBS, de uma maneira geral, em todos os veículos.

Um amigo meu que trabalhava com a Rosane, era o repórter da coluna, havia me alertado que ele estava para sair. Então assim que ele me informou, eu mandei um e-mail bem cara de pau para Rosane de Oliveira e falei assim: “Rosane, olha só, estou sabendo que o Juliano [Rodrigues, o interino à época] vai sair da coluna e eu estou super interessada nesta vaga”.

E a partir daí ela me marcou, porque é justamente essa a proatividade que é muito necessária na reportagem e principalmente na coluna, então ela me marcou e me conheceu primeiramente. Isso é muito importante. E depois de um mês, dois meses, a vaga abriu oficialmente e eu me inscrevi, participei de todo o processo seletivo. No fim, ela me escolheu junto com o editor da Zero Hora.

Fiquei de 2015 a 2019 trabalhando na coluna da Rosane de Oliveira, eu era a interina. Quando ela não podia fazer a coluna, eu assinava como interina e também fazia praticamente quase todas as notas durante esses quatro anos e nesse período eu pude ter muito a vivência de como o jornalista político, repórter de política, deve se comportar nas pautas.

Os “pega-ratão”, muita coisa eu aprendi. Rosane, para mim, foi uma pessoa muito importante, porque ela é muito generosa. Tudo o que eu sei de política, devo basicamente a ela. E aí o que é que acontece: eu fiquei durante esse tempo todo, esses quatro anos na coluna de política. Em 2019 eu já havia manifestado interesse em voltar para a Rádio Gaúcha.

Com isso, Andressa Xavier [editora-chefe da rádio] me propôs voltar para a Gaúcha, mas aí sendo especialista em política, junto com o Gabriel Jacobsen — ele faria de manhã e eu faria à tarde na Rádio Gaúcha. E aí eu fiquei entre agosto e dezembro na rádio fazendo política local. Em outubro, o Matheus Schuch, que era a Débora aqui em Brasília, pediu demissão, porque ele foi para o Valor Econômico, e aí abriu essa vaga, para ser jornalista de política da Rádio Gaúcha em Brasília.

Eu já havia alertado os meus colegas. “Olha só, fica de olho, Matheus Schuch saiu, vão abrir a vaga de Brasília”, porque não era minha intenção vir para cá. Eu estava alertando os meus colegas e aí, de uma hora para outra, os meus chefes me chamaram para me oferecer essa promoção e aí eu não precisei participar de processo seletivo nenhum. Eu já vim como uma pessoa transferida nessa promoção e aí a partir de janeiro, comecei a atuar como jornalista da Rádio Gaúcha aqui.

Nossa, que história. E como é que era trabalhar com a Rosane de Oliveira?

Débora Cademartori: Era maravilhoso. Às vezes, dá um medo, porque, para mim, Rosane era uma entidade. Todas as vezes que ela ia, por exemplo, palestrar na Unisinos eu ficava babando em tudo que ela falava. Rosane era, para mim, a Deusa da Política. Eu nunca pensei em trabalhar com ela. Imagina, trabalhar do lado da Rosane, ser ela na coluna? Isso jamais me passava pela cabeça.

E a partir do momento que eu conheci a Rosane, que eu passei a trabalhar com ela, também conheci o lado amiga da Rosane e o lado humano dela. Eu pude ver que, além de ser uma profissional fantástica, que consegue traduzir muito bem os momentos da política no Rio Grande do Sul e também da política nacional, é também é uma pessoa muito boa, porque para mim ela me servia como uma enciclopédia.

Eu não precisava nem procurar no Google. Tem coisa que o Google nem tem e a Rosane sabe, entende? Esse foi o papel da Rosane para mim, uma professora e que teve muito êxito em ensinar diversas coisas. Tudo o que eu sei hoje, devo a Rosane de Oliveira. Todas as fontes que eu construí no Rio Grande do Sul eu também devo a ela e à coluna.

Se eu pudesse dar algum adjetivo algum adjetivo para Rosane seria o de ser uma pessoa muito generosa, porque ela está sempre disposta a explicar as coisas, os meandros da política para quem está começando ou até para quem não sabe nada de política, ela está lá para poder te explicar e não importa o quão atarefada ela esteja. Até porque ela tem um milhão de coisas para fazer.

Ela também é uma figura institucional do Grupo RBS, na maior parte do tempo ela está ocupada. Mas, mesmo assim, quando as pessoas chegavam lá na salinha dela, perguntavam alguma coisa para ela, ela parava tudo para explicar tranquilamente para essa pessoa o que estava acontecendo. Aliás, ela também é a espécie de guru para os editores de Zero Hora, que sempre recorrem a ela para perguntar qualquer coisa, uma opinião editorial, inclusive. É sempre ela que dá o caminho. Imagina, se ela é uma espécie de guru para os editores, imagina para mim, uma “foca” na redação de Zero Hora.

E além dela, tem mais alguma outra inspiração dentro da área política ou do Jornalismo em geral?

Débora Cademartori: Eu gosto muito da Miriam Leitão. Ela inclusive fez parte do meu TCC na Unisinos. Adoro o jornalismo econômico e eu vejo nas análises da Miriam Leitão coisas muito palpáveis. Ela consegue traduzir, transferir a política para a economia e a economia para política muito bem e por isso eu gosto muito dela e o jeito que ela trabalha.

Além disso, o mais “pop” jornalista que eu admiro é o William Bonner, que também teve que largar toda a sua vida pessoal, teve que deixar toda a vida pessoal de lado para poder se dedicar como âncora e editor[-chefe] do Jornal Nacional. Depois que eu fiquei sabendo de alguns perrengues que ele passou, desde 2013 e com a polarização da política, eu vejo o quão forte ele teve que ser e enfrentar todas essas coisas.

Por que falo de Bonner? Porque ele consegue traduzir para as pessoas normais o que um jornalista de política passa. Eu, por exemplo, evito fazer análise em rede social ou no ar na Rádio Gaúcha porque hoje em dia, com os ânimos do jeito que estão, é sempre muito arriscado fazer esse tipo de análise e também haters, muitos haters e aí a gente procura evitar tudo isso.

Tu estás quase um ano aí em Brasília, né?

Débora Cademartori: Em janeiro fecha um ano.

Como é que estar no olho do furacão?

Débora Cademartori: É legal, embora eu não consiga encontrar o olho do furacão pessoalmente, porque a RBS nos colocou em home office desde março e, de lá até agora, eu não estou autorizada pela RBS a ir até o Palácio do Planalto, Congresso, STF para poder cobrir in loco as coisas que acontecem por lá.

Eu peguei Brasília na sua vida normal em janeiro e fevereiro, que é época de recesso, então praticamente não consegui viver a cidade, não consegui fazer fontes nacionais aqui, devido a essa interrupção por causa da pandemia. Por enquanto, as minhas fontes aqui em Brasília são basicamente gaúchos e autoridades que gostam da Rádio Gaúcha. Então quando eu falo que eu sou da rádio eles me atendem tranquilamente, é esse trunfo que eu tenho na manga.

Voltando a falar da Gaúcha, como é estar ao vivo? Não dá um nervosismo, um friozinho na barriga?

Débora Cademartori: Não (risos). Antes dava, mas agora não dá mais devido à prática. Então, quando me informo muito, me sinto preparada e tenho domínio do assunto, não fico tão nervosa. Agora, se for me perguntar da TV, por exemplo, que me colocaram para fazer a partir da saída da Carolina Bahia [no Jornal do Almoço, da RBS TV]…

Eu ia perguntar logo em seguida (risos)

Débora Cademartori: (Risos) …aí sim o nervoso bate, porque é uma coisa completamente nova e tem seis vezes mais pessoas me assistindo no ao vivo. Embora eu tenha o domínio do assunto, é sempre mais nervosa a situação, porque eu não tenho o domínio do veículo, nunca tinha entrado ao vivo na TV, então, por isso, a diferença. Na Rádio Gaúcha, a gente leva, porque parece que eu estou falando com a minha mãe e falando com os meus familiares. É uma coisa muito próxima que o que eu tenho com os ouvintes da Rádio Gaúcha, já na TV é uma coisa diferente.

Falando do espaço das mulheres dentro do jornalismo político. Como tu vês a inserção delas na política, o espaço que elas estão tendo dentro da área?

Débora Cademartori: Eu não vejo tanto problema da inserção de jornalistas mulheres na área política quanto existe na área esportiva. Há alguns anos, algumas décadas, as mulheres, se for parar para analisar, são maioria na lida jornalística aqui em Brasília. Então, claro, a gente sofre assédio? Sofre. É uma coisa que existe e não vai deixar de existir em tão pouco tempo, mas a gente vai levando.

Então eu não vejo tanta barreira, eu não vejo tanta insinuação sobre a minha habilidade laboral quanto aos jornalistas que atuam na área esportiva. Eu vejo pela Renata de Medeiros [antes repórter na Rádio Gaúcha, hoje editora no ge.globo], minha melhor amiga. Ela sofreu e sofre muito por, simplesmente, estar trabalhando, por estar informando tudo o que acontece na área esportiva. O simples fato de ela ser mulher nessa área já implica diversas barreiras para a atitude profissional dela, coisa que eu não enfrento, por exemplo.

Mas chegou a sofrer durante o teu trabalho por aí?

Débora Cademartori: Sim. Não por aqui, mas durante a minha vida profissional jornalística, sim, com certeza. Aqui eu não vejo muito isso, porque estou aqui há, seis, sete meses de home office, então não trabalho tanto na lida. Mas, no Rio Grande do Sul isso é normal. Dá para dizer que isso é normal.

Dentro do jornalismo político, há jornalistas que são mais parciais, que acabam levando a ideologia além do necessário. Tirando os jornalistas que já estão na política — Ana Amélia Lemos, Lasier Martins, por exemplo -, qual a tua opinião com relação aos jornalistas que tem essa parcialidade no rádio, na TV?

Débora Cademartori: Desde 2013, com aqueles protestos e ficou ainda mais evidente a partir da eleição de 2016, houve uma quebra de cenário, uma mudança muito nítida no cenário político do país. As coisas ficaram muito mais polarizadas. Ou tu eras esquerda ou direita e isso continua, porém um pouco menos, pelo que eu estou notando, do que era em 2016 e também 2018.

A imprensa, eu avalio, tem que fazer o seu mea-culpa. Porque, em alguns momentos, houve sim um excesso de informações, que talvez poderia levar a um entendimento diferente do receptor. Por exemplo, na Lava Jato. Hoje a gente vê que a Lava Jato perdeu força. Mas por que perdeu força? Porque os tribunais estavam arquivando denúncias vindas do Ministério Público, da força tarefa da Lava Jato, dizendo que não era bem assim.

Hoje, a gente tem que dar muito menos importância, muito menos espaço para uma denúncia do Ministério Público e dar mais foco quando a Justiça aceita essa denúncia e o cidadão vira réu. A gente aprendeu muito com a Lava Jato. E a gente como jornalista aprendeu muito também. E acho que isso vai ser bom daqui para frente, para a gente poder ter um certo equilíbrio. Agora, acho que o jornalista, o repórter, principalmente, tem que saber se ater aos fatos. Já o comentarista é outra coisa.

O repórter tem que informar ao cidadão o que realmente está acontecendo e sempre, por exemplo, dar o outro lado da história, nem que seja no pé. Ter esse equilíbrio é muito importante. O jornalista, o repórter, tem que evitar dar qualquer manifestação que possa ser entendida como uma opinião tendenciosa por um lado ou por outro. É como o jornalista de Grêmio e Inter, por exemplo, se declarar colorado ou gremista, acho que isso tem que ser dosado muito bem.

Falando um pouco sobre a pandemia. Como tu havia dito, chegou em Brasília, pegou o período de recesso e depois ficou em casa. Como está sendo o sentimento de estar em casa o tempo inteiro?

Débora Cademartori: É angustiante. Eu não sei como eu vou me comportar ou como vou desempenhar o meu trabalho agora na volta, porque eu acho que só vou voltar no ano que vem para o Planalto, Congresso. Então é meio angustiante, sabe? Porque é difícil, você está sozinho o tempo todo aqui, e eu estou sem família, sem amigos. As amigas que eu tenho aqui são as do meu trabalho. Então é um trabalho bem solitário, onde a gente tem que lidar com os nossos pensamentos.

Por um lado, é bom, porque dizem que quanto mais a gente fica sozinha, mais a gente se conhece e eu estou tendo que viver isso à força. Por um lado, está sendo bom, mas aí, por outro, é essa angústia que a gente sofre. No meio do ano, eu tive aí umas crises bem sérias de tristeza, por estar sozinha, e também a pandemia impacta na vida da pessoa. E não é porque a gente é jornalista que está imune a isso. Não é porque temos informação de sobra, que estamos lendo 24 horas sobre o assunto que estamos imunes a qualquer medo.

Esse medo, essa falta da minha família, por exemplo, que eu mais sinto é bem estranho, bem diferente. Mas, agora, já estou melhor. Eu fui para o Rio Grande do Sul em junho, passei as férias com a minha mãe e voltei completamente reforçada, bem comigo mesma e estou levando até agora. Eu consegui me recuperar lá em junho, então estou melhor. Esse período de pandemia é horrível.

Na sua visão, qual é o futuro do jornalismo político? Como que tu achas que a área vai andar daqui para a frente?

Débora Cademartori: Eu acho que a cada dia ela está mais importante. O jornalista, principalmente da área política, é um profissional muito necessário. É ele o responsável por traduzir o que um projeto aprovado no Congresso pode impactar na vida do cidadão diretamente. Acho que ele vai se tornar cada vez mais relevante e com cada vez menos opinião.

Se formos abrir as capas dos jornais, O Globo, Folha de S. Paulo, a própria GZH, Estadão, às vezes, elas estão inundadas de análise ou opinião. Acho que daqui a algum tempo, os jornais vão se conscientizar de que a notícia vem primeiro e que deveria ganhar mais espaço nas capas dos jornais e aí sim fazer depois uma análise em relação ao fato. Mas, primeiro, dar mais ênfase à notícia.

E tu ainda almejas ficar em Brasília ou tem mais algum plano para o futuro?

Débora Cademartori: Eu almejo ficar aqui sim, pelo menos por mais uns três, quatro anos, para que eu possa pegar uma cancha maior. Estou muito pouco tempo aqui e a cada dia que passa tem que ter a humildade, ter pelo menos uma noção de que muita coisa não sei ainda. Então, a cada dia que passa, eu aprendo alguma coisa aqui em Brasília e eu acho que em três anos eu ainda tenho que aprender muita coisa.

Por isso que eu acho que eu devo ficar mais aqui e aí sim depois ver o que eu faço. Ainda não tenho uma meta. Estou aqui, entende? O que acontecer para mim é resultado do trabalho e espero que sejam coisas boas.

Uma dica para quem quer entrar na área política.

Débora Cademartori: Em primeiro lugar, não tem que opinar sobre coisas que você desconhece. A Rosane de Oliveira, por exemplo, só opina quando ela esgotou todas as formas de informação que tem sobre o assunto, quando tem absolutamente certeza dos fatos que estão ocorrendo. O jornalista quer atuar na área política não pode ser afobado e sair por aí dando opinião furada sobre qualquer assunto. Esse é o primeiro ponto.

Segundo ponto é proatividade. Assim como em outras áreas, o jornalista precisa ser proativo, propor pautas. Ficar sempre ligado nas coisas que estão acontecendo no mundo. O terceiro ponto é estar disponível. Ninguém gosta de pessoa que não está nem aí para sua atividade. Então estar disponível é um bom ponto. Disponibilidade, ser proativo e não dar opinião furada. É isso.

Memorial da entrevista

Eu realmente fiquei na dúvida de quem entrevistar quando a proposta foi lançada. Queria alguém lá de cima, em SP, como a CNN Brasil — o que não rolou. Voltei para o RS e pensei em alguém de grande nome e pensei na Débora Cademartori, com quem consegui contato pela Renata de Medeiros. Mandei e-mail no horário em que ela estava junto com Leandro Staudt no Gaúcha+, onde ela estava substituindo a Kelly Matos. Mandei pensando que ela responderia no dia seguinte, mas ela me respondeu em dois minutos para cada e-mail que enviei, onde marcamos a entrevista e ela me passou o contato do WhatsApp.

A entrevista com a Débora aconteceu em 6 de outubro, numa terça-feira, fim da tarde, logo após da participação dela no Chamada Geral 2ª Edição. Batemos um papo inicial, onde contei do meu local de estágio, o TJRS, e ela disse que gostava da área do Judiciário, onde adorava ir presencialmente falar com os desembargadores e criou uma amizade com o desembargador Túlio de Oliveira Martins, então presidente do Conselho de Comunicação Social do Tribunal de Justiça — ele que é jornalista formado, inclusive.

A gravação foi feita pelo gravador no computador, já que coloquei a ligação no viva-voz. Débora foi super solícita nos e-mails e no contato via WhatsApp. E a entrevista em si, além de ter sido mais séria em alguns pontos, foi ótima pra conhecer ainda mais uma jornalista que vem ganhando espaço dentro do jornalismo político.

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Rômulo Vizzotto

Estudante de Jornalismo. Há 27 anos tendo dúvidas, erros e alguns acertos nessa vida.